Pegando carona no contexto do post Fases, quero especificar como as pessoas entram e saem de nossas vidas.
Tudo começa com as festas de aniversário. Você vai crescendo e, a cada ano, sua mãe inventa uma festa com um tema diferente. Ela chama seus primos, os filhos dos amigos da família e aquele bando de criança da vizinhança. Inicialmente são pessoas que você mal sabia que existiam, mas sua mãe acha que você precisa se relacionar com elas. “Meu filho, vem brincar com o amiguinho!” É nessa fase que você tem o primeiro ‘lote’ de pessoas na sua vida. E muitas delas passaram realmente a fazer parte do seu dia-a-dia.
É chegada a idade de ir pra escola. Você, obrigatoriamente, conhece mais um monte de seres humanos e acaba se aproximando daqueles com quem mais se identifica, fazendo também suas primeiras inimizades. É provável que nessa época esteja a fase em que você mais conheça pessoas, pois sempre há festas (principalmente de aniversário) além de novos alunos e professores... Mesmo que mude de escola, como pode acontecer, até o final do ensino médio você já se identificou com seu grupinho inseparável e já fez um melhor amigo. Já fez viagens consideradas inesquecíveis e teve momentos únicos com aqueles que chamou de “amigos eternos”. Você teve o segundo ‘lote’ de pessoas em sua vida. Mas será que foi mesmo uma amizade eterna?
Final de ensino médio é muitas vezes uma época triste, porque chega o momento de cada amigo tomar um rumo na vida. Dificilmente um deles irá trilhar o mesmo caminho que você. Assim, mesmo que haja um esforço imenso para manter contato, a convivência já diminuiu. Na maioria das vezes, você passa a vê-los com menos frequência até que um dia percebe que não há mais contato. Casualmente vai encontrar algum e perceberá que a falta de convivência os tornaram novamente estranhos.
E então vem a faculdade. Alguns já a encaram imediatamente após o ensino médio, outros demoram um pouco mais e ainda há os que nem chegam a fazer, pois tomaram rumos completamente diferentes. Saindo da adolescência e ganhando maior liberdade (e responsabilidade), surge o terceito ‘lote’ de pessoas. Os novos amigos e companheiros inseparáveis que tem afinidade por conta da faculdade, dos amigos em comum, dos gostos parecidos, das relações nascidas e criadas na internet (se você for um viciado nela, certamente terá amigos que vieram dela) ou diversos outros motivos.
É uma fase de mudanças marcantes, em que surgem a necessidade dinheiro e os empregos, os cursos e concursos, os namoros sérios (e outros não tão sérios), além de várias outras coisas que ocupam o pensamento o dia todo.
O que quero dizer com esse resumão dos principais momentos sociais é que, à medida que o tempo passa, as pessoas antes presentes vão sendo substituídas por outras. E estas provavelmente também serão substituídas. É um ciclo quase sempre involuntário e natural que deixa boas lembranças de quem foi e traz a oportunidade de novas histórias. Mesmo que haja, por diversas vezes, aquela vontade enorme de voltar no tempo e resgatar a convivência perdida com muita gente. Talvez até seja possível, contudo você precisará de certo esforço e muitos reencontros.
P.s.: Texto escrito com a ajuda do amigo Fernando Ribeiro (@nandoribeiro).