Pages

sábado, 28 de abril de 2012

Dependente




Eu estava ali neutro no meu mundo, apreciando aquele nada tão agradável e, de repente, bum! Sem pedir permissão, veio um transbordamento de sentimento de dentro para fora. Uma vontade gigantesca de dizer palavras bonitinhas e idiotas e de me expressar até esgotar a sensatez. Ser romântico e coisas do tipo.

Eu que sempre fui sensato e reservado. Sentimentos apenas com o travesseiro e olhe lá! Agora era diferente. As palavras queriam sair da minha boca a qualquer custo e serem ouvidas. Não por todos. Ok, talvez por todos, mas por hora, só por você mesmo. Que poder é esse que você tem? Explica!

Não gosto de dependência emocional. Ou melhor, nunca entendi exatamente o que é depender emocionalmente de alguém. Eu sempre fugi. É dependência sim! Chamo o gostar do que eu quiser! Sinto-me dependente. Estou dependente. Ô, céus! E você aí sem fazer absolutamente nada. Você me olha e eu te quero. Tão assim. Por quê?

– Eu te amo!
(Silêncio)
- Eu te amo!
(Silêncio)
- Eu te amo!
(Sons de grilos)
- Ahhhhhhhhhhhhhhh...

Eu amo mesmo e agora? Vou ouvir música!

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Mente aberta

Estava refletindo o quanto ter uma mente aberta torna tudo mais fácil, em diversos sentidos.

Eu poderia viver generalizando, criticando tudo e todos, julgando as pessoas por seus gostos exóticos, maldizendo suas maneiras não convencionais de resolver as coisas ou desgostando de algo sem nem conhecer, mas ganhando o que com isso? Ganhando um monte de inimizades gratuitas ou um monte de discussões infundadas ou vivendo estagnado no meu mundinho infeliz. Provavelmente viveria odiando o universo inteiro.

Todo ser, estranho ou não, cresce rodeado de conceitos por todos os lados. Aprende em casa, na escola, na rua. Certo e errado, errado e certo. Um dia descobre que pode ter opinião e que isso é uma coisa bastante válida. E, a partir da convivência com milhões de pessoas, percebe que o mundo é cheio de outras opiniões. Opiniões moldadas, entre outras coisas, pelos gostos individuais das pessoas. Também descobre que as próprias opiniões podem se chocar com as opiniões alheias. Assim, muitas vezes deste choque, ou nasce um debate infinito e desagradável ou cada parte respeita que nem sempre a própria opinião prevalecerá (um exemplo).

Indigna, por vezes, ver pessoas querendo impor a própria opinião ou a opinião de um grupo específico como única e absoluta. Quase sempre, sem nem sequer ter a curiosidade de ver como o outro lado funciona. É muito injusto! Todas as pessoas têm o direito de ser o que quiser ou gostar do que quiser. Basta que não prejudiquem ninguém.

Atrevo-me a dizer que ter a mente aberta não seja aceitar e concordar com tudo que existe, mas sim evitar julgamentos descabidos e desviar-se ao máximo do preconceito. Este, que o nosso lindo dicionário define como “1 - Conceito ou opinião formados antes de ter os conhecimentos adequados. 2 - Opinião ou sentimento desfavorável, concebido antecipadamente ou independente de experiência ou razão.”

É importante ter ciência de que é imensa a diversidade de pessoas, coisas, gostos, culturas, tradições, religiões e por aí vai. Para tudo (todos) existirá alguém quem aprecie aquilo. Sempre! Sempre haverá quem gosta de tudo preto, quem escuta Restart, quem gosta de gordinhos, quem se depila, quem nunca corta o cabelo, quem faz tatuagem no corpo todo, quem usa sempre roupa social, quem usa lentes coloridas, quem chora com tudo... E ter a mente aberta é respeitar as individualidades loucas, ainda que nunca se faça igual. É ser flexível, eximir-se de conservadorismos, é estar aberto a novas ideias e conceitos. É facilitar a convivência.

Abrir a mente não é pedir demais. Quem sabe assim o mundo não evoluiria mais rápido.

“A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original.” (Albert Einstein)

“...When you lose small mind, you free your life.” (System of a Down)

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Minha roseira

Certo dia resolvi plantar uma semente. Eu estava completamente animado. Era a primeira vez que plantava algo. Uma mudinha tímida começou a nascer alguns dias depois. Tão linda que eu não conseguia parar de elogiá-la. Era a mudinha mais linda da galáxia. Cuidei dela com tanto carinho, mesmo sem saber como fazer. Fui fazendo o que achava que era certo. Eu estava preocupado demais com o que as pessoas iam falar de mim naquela situação. Errei. O centro das atenções devia ter sido a mudinha que não parava de crescer. Cada dia ela crescia mais. Depois de um mês eu podia dizer que a amava. Depois de mais alguns dias ela parecia me entender. De uma hora para outra cresceu tanto que virou uma planta majestosa. Fiquei tão orgulhoso. E para melhorar um botão de rosa apareceu. Foi ai que eu descobri que se tratava de uma roseira. Mais três botões apareceram. Tornaram-se rosas vermelhas. Gigantes. Chegou um dia que eu fiquei tão seguro de mim que achei que minha roseira não precisasse mais de tanto cuidado. Ela já tinha crescido, se tornado uma linda roseira e haviam nascido rosas tão lindas. Errei de novo. Uma das rosas murchou e caiu. Chorei tanto. Voltei a cuidar, mas mesmo assim outra rosa caiu. Chorei de novo mais uma vez. Para piorar uma delas foi roubada. Encontrei o ladrão e a consegui de volta. Era muito importante pra mim. Só havia sobrado uma rosa, mas a roseira não parecia mais ser minha. Tentei redobrar o cuidado, mas as coisas não mudaram. Arranquei o último botão e dei espaço para roseira tentar se recuperar. Aparentemente era isso que ela queria. Eu não soube interpretar seus sinais e errei mais uma vez. A roseira foi perdendo suas folhas pouco a pouco. Tentei mais uma vez e mais vez, mas meus cuidados nada adiantaram. As folhas caíram todas. Os galhos e o caule perderam o verde e eu não consegui trazê-la de volta pra mim. Errei demais. Tive a esperança que na primavera ela voltasse a ser linda e majestosa, mas acho que isso acontecerá apenas se alguém com um cuidado melhor que o meu aparecer. Apesar de eu ter aprendido bastante, minha roseira deixou de ser minha.

 

Considerações:

  • Texto de 2007.
  • Apesar dos espinhos e do trabalho com os cuidados, a beleza das rosas compensam quaisquer esforços.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Uns e outros

Uma mania sem fim de tentar encontrar razão para tudo, até para coisas sem explicação. Uma indispensabilidade de compreensões. Uma mente incansavelmente pensante. Uma idéia vã de querer juntar um mais um e criar mil. Um desejo incontrolável de desejar. Uma ingenuidade idiota sobre obviedades. Uma surdez para conselhos pertinentes. Um comodismo tolo. Um perfeccionismo exagerado. Uma necessidade de consertar o mundo. Uma vontade constante de mudar, mudar e mudar. Uma vontade de abrir os braços e sair voando. Uma vontade de sair andando, correndo, clamando, gritando, maldizendo e abençoando. Uma variação incessante de humor. Uma frieza, um calor. Um ser meio a outros bilhões de seres. Uma mistura de muitos conceitos, adjetivos e verbos. Uma agitação, inquietação e seus sinônimos, muitos dos sinônimos. Uma “viagem”. Uma vida inteira pela frente…