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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Fugindo da rotina




Costumeiramente ao ir trabalhar, quando não levo comida de casa, passo em algum lugar para comprar. Certo dia, soltaram no trabalho o seguinte comentário: “Nossa! Você é bastante inovador na hora de comer. Sempre traz alguma coisa diferente.”. Eu respondi com a pergunta: “Por que eu deveria comer sempre a mesma coisa se eu tenho a possibilidade de variar o cardápio?“. Engraçado perceber que até nisso as pessoas prestam atenção.

Após a minha resposta-pergunta fiquei matutando sobre o comentário. Não sei das outras pessoas, mas eu enjoo de comer sempre a mesma coisa. Ter a possibilidade de variar o que como muito me agrada e afirmo que não se trata exatamente de gastar mais com comida. Muitas vezes encontro pratos com preços bem menores justamente por sair por aí procurando.

Ampliando a questão, preciso dizer que não tenho apreço nenhum por coisas rotineiras. Não enjoo apenas de comer a mesma coisa sempre. Enjoo de pegar o mesmo caminho para ir para o trabalho, enjoo de ouvir sempre as mesmas músicas, enjoo de ir às mesmas festas e aos mesmos lugares, enjoo de usar o cabelo da mesma forma... 

O mundo é grande demais e cheio de possibilidades demais para viver somente do mesmo; há muito para conhecer. Viver eternamente de mesmice é viver limitado, em minha opinião. Claro que compreendo quem consegue encontrar conforto e estabilidade na rotina. Ela traz esse tipo de sentimento e há quem goste. Há quem goste de tudo, não é mesmo?! Porém acho que desbravar o mundo e suas trilhões de coisas seja bem mais emocionante e enriquecedor. 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O pote de sorvete



Eram dias daqueles mais quentes do verão, com a temperatura acima dos trinta graus. Os corpos todos suavam em bicas e caminhar ao sol era tido como tortura. Momento oportuno para ficar com pouca roupa, para tomar no mínimo dois banhos e beber muito líquido. Momentos nos quais até quem não bebia muita água mudava de atitude.

Abençoados aqueles que tinham ar condicionado em casa e sofriam menos com o calor. Para o resto, sobravam apenas as coisas geladas, para comer, beber ou passar no corpo. Ou ainda, dependendo da loucura, eram válidas algumas ideias criativas para tentar melhorar a situação, como tomar banho de mangueira, de bacia ou quase entrar na geladeira. Nessas horas, improvisar tornava-se o verbo da vez.


E foi com as benditas coisas geladas que Juliana decidiu se refrescar. Veio nela, de repente, uma vontade louca de tomar sorvete. Lembrara-se de ter visto um pote no freezer de casa. Seus pais tinham o hábito de sempre comprar nas idas mensais ao supermercado e o que, por hora, cairia muito bem.

Assim, ela foi à cozinha, pegou uma taça, uma colher e correu à geladeira com toda gana. Agarrou o pote gelado como se fosse algo cheio de valor e levou-o para mesa junto da taça.  Ao abrir o pote, uma pequena surpresa: estava cheio de feijão. “Que porcaria! É feijão e só feijão!” Sua mãe tinha que guardar o feijão justamente no pote de sorvete, para sua infelicidade.

Para Juliana, então, restara apenas chupar um gelo, a fim de tentar se refrescar e enganar o paladar.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Gosto



felicidade
Gosto do cheiro de terra molhada.
Gosto de olhar a lua e ficar observando o céu.
Gosto do barulho da chuva quando bate na janela, na hora de dormir.
Gosto de abrir os braços e fechar os olhos para sentir o vento.
Gosto de ouvir música com os olhos fechados, ou lendo suas letras.
Gosto de aumentar o volume do som e dançar sozinho pela casa ou na frente do espelho.
Gosto da dormência nos lábios causada pelo álcool.
Gosto de abrir o pote de canela apenas para sentir o cheiro.
Gosto de cantar no chuveiro e desenhar no box embaçado pelo vapor.
Gosto de enfiar o pão de queijo no iogurte e batata-frita no sorvete.
Gosto de me aventurar na cozinha e inventar molho para macarrão.
Gosto de tomar sorvete até ficar tremendo de frio.
Gosto de abrir um livro novo e sentir o cheiro das páginas.
Gosto quando leio e esqueço o mundo à minha volta.
Gosto dos filmes que me fazem sentir algo.
Gosto de ouvir tocarem violão e prestar atenção na vibração das vozes.
Gosto de olhar para os pés e mãos das pessoas.
Gosto dos sorrisos e do som das gargalhadas, mesmo as estranhas.
Gosto do arrepio que dá ao ser beijado no pescoço.
Gosto quando as conversas duram sem nenhum esforço.
Gosto de ser atencioso.
Gosto de ouvir histórias incomuns de pessoas mais velhas.
Gosto de abraçar sem ter motivo.
Gosto de sorrir para pessoas desconhecidas na rua.
Gosto de receber mensagem de madrugada.
Gosto de mandar mensagens sem nexo ou apenas por ter me lembrado da pessoa.
Gosto de ser lembrado com música; música boa!
Gosto de dizer que estou com saudades e gosto muito quando sinceramente dizem que estão com saudades.

Gosto muito do fato de conseguir ficar feliz com coisas tão efêmeras.