Ele sempre foi um cara muito legal. Era bastante divertido conversar e passar certo tempo diariamente com ele, porém nunca chegamos a ser amigos de verdade. Amigos de verdade sabem tudo um do outro, conhece a família um do outro e coisas assim. No nosso caso, não sabíamos quase nada e um aprofundamento nos detalhes da vida nunca chegou a acontecer. Nunca tentamos e nem pensamos em passar daquela linha-limite traçada inconscientemente. Não era importante para mim e, provavelmente, nem para ele.
As circunstâncias ao nosso redor nos uniam temporariamente, mas nossos interesses gerais não caminhavam na mesma estrada. Eu gostava de azul, ele de rosa. Ainda assim, vivemos e curtimos muito daquilo que aconteceu ali e pronto. O agradável vínculo de pouca profundidade acabou no tempo devido e cada um seguiu seu caminho sem qualquer despedida ou troca de contatos. O tempo foi passando e sua existência mal fora lembrado com o passar dos anos. A saudade quase não chegou a bater à porta. Um tanto previsível. E a vida seguiu seu curso.
Contudo, um reencontro - quando se mora na mesma cidade e esta não é tão grande – nunca é algo impossível. E assim aconteceu...
Vínhamos os dois em direções contrárias e, após um pequeno momento de reflexão sobre a cara um do outro, nos reconhecemos mutuamente. Eu quis, a todo custo, mudar de direção ou fingir que não tinha o visto, mas era tarde demais. Importante frisar que não era má intenção da minha parte. A vontade de fugir dali veio do querer evitar a fadiga de ter que resumir toda aquela lacuna que havia surgido com a nossa falta de convivência. Ter que contar tudo o que eu tinha feito desde o nosso último dia de presença compartilhada. Essas coisas dão preguiça, principalmente quando não são planejadas. Tanta gente faz isso.
Assim, pensei rápido com meus botões e enfiei na cabeça que eu não era obrigada a resumir minha vida ali em poucos segundos. Não tinha por quê. E não tinha por que ele ter que contar o que quer que fosse sobre ele também. Poderíamos combinar um dia só para isso, ou não.
Cumprimentei-o cordialmente torcendo para ele ter pensado como eu e por sorte, ou sabe-se lá o quê, foi bem o que aconteceu. Ele cumprimentou de volta, rolou um “Tudo bem?” respondido por ambos e só. Porém, saí daquela situação imaginando se gostaria de conviver novamente com ele, se a vida que tínhamos atualmente deixaria que isso acontecesse. Ter pessoas legais ao nosso redor nunca é demais, mas também rolava aquela dúvida se ele continuava o mesmo. As pessoas mudam né? Eu mudei. Mas enfim.
Na primeira oportunidade que tive o procurei nas redes sociais e mandei uma mensagem perguntando aquilo que evitei anteriormente. Foi legal reaver um bom papo, mas nossos mundos eram outros agora e o “amigo” tornou-se apenas “amigo virtual”. Pelo menos agora compartilhávamos o mesmo gosto musical, o que me deixava feliz e mantínhamos a facilidade de continuar discutindo assuntos relevantes sobre o mundo. E só também.
Gostei muito do texto. Estranho pensar que isso pode ocorrer tão facilmente nos dias de hoje. As redes sociais auxiliam bastante para que conheçamos pessoas novas. Às vezes, até demais. Paixões absurdas e tão efêmeras como a amizade que temos por algumas pessoas virtuais. Já me vi na situação descrita inúmeras vezes, o que me faz pensar realmente se todos nossos amigos virtuais são tão próximos como pensamos. Na realidade, tenho alguns virtuais mais próximos de mim do que muitos 'reais', que vemos pessoalmente com certa frequência.
ResponderExcluirEu também tenho alguns amigos virtuais que são bem presentes virtualmente. Eu até gosto disso, mas a nossa vida é só o que a gente vive ali. Às vezes é bom perguntar se ter uma convivência pessoal com eles melhoraria a relação, mas sempre aparecem dificuldades para combinar encontros. Fato que muita gente nasceu para não fazer parte da nossa vida e não há nada que possamos fazer.
ExcluirAh, obrigado por sempre comentar no meu blog! Acho tão legal quando as pessoas vêm e dão suas opiniões sobre os textos. Seja sempre bem vindo(a)
ExcluirSo many people passed through my mind as I read this. Yes, it happens to everyone. I guess people come our way for a reason and we don't always know why and we aren't always meant to connect with them on a deep and lasting level.
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