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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Uma história comum

João já havia conquistado muitas das coisas que queria pra sua vida. Mesmo assim sentia um vazio que não era preenchido com nada. Um dia resolveu esquecer da existência deste vazio e decidiu que iria aproveitar cada momento da maneira mais intensa possível para compensar. E assim começou a fazer. Foram muitas viagens, farra em cima de farra, muita dança, bebida... Tudo muito bem aproveitado.

Maria estava descrente da vida que tinha. Graduou-se e continuava desempregada. Estava atrás de emprego há exatamente um ano. Certo dia resolveu que iria caminhar bastante e deixar pessoalmente currículos por todos os lugares onde passasse.

Em um momento de descanso, ao caminhar distraído pela rua e sem rumo, João escorregou em uma folha de árvore e se desequilibrou. Maria vinha logo atrás com a pasta cheia de currículos e foi atingida em cheio pela queda de João. Vários currículos foram lançados ao ar e ironicamente o vento começou a espalhá-los. Exatamente ao mesmo tempo João e Maria xingaram e praguejaram o mundo e ambos começaram a catar os currículos voadores. Quando cada um pegou a última folha de papel, entreolharam-se pela primeira vez. Foi algo estranhamente estático e apesar da situação, João se apaixonou à primeira vista por Maria.

Após desculpas atrás de desculpas e apresentações pouco forçadas, João convidou Maria para um jantar na intenção de compensá-la pelo ocorrido. Talvez não a única intenção... Maria aceitou.

Encontraram-se no local combinado, na hora combinada. João estava empolgado e bem arrumado. Maria estava curiosa e estava bonita sem a intenção de estar. Tomaram vinho e conversaram bastante, descobrindo muitas coisas em comum. Jantaram muito bem à sugestão de João e, pouco alegres do vinho, resolveram estender a noite e sair para dançar. Foi uma noite extremamente agradável e nenhum dos dois tinha motivo algum para reclamar. Dançaram muito e cansaram exatamente na mesma hora. João se prontificou a levar Maria em casa. Durante todo o trajeto o assunto ainda não tinha acabado. Trocaram telefone e contatos virtuais. No último momento, na porta da casa de Maria, aconteceu o primeiro momento sem palavras. Na verdade, as palavras não eram necessárias. Um beijo. Um até logo.

Continuaram conversando durante toda semana e, mais um vez, decidiram se encontrar. Mais um encontro, mais papos interessantes e beijos durante toda a noite. João estava cada dia mais encantado e sentia que quase tudo em sua vida ganhara uma certa emoção. Maria se sentia muito bem.

João descobriu um lado romântico e começou a despejá-lo em cima de Maria que, por sua vez, decidiu dizer que aquela amizade colorida, para ela, estava na hora de perder os benefícios da cor. Foi bem clara que seria apenas amizade. Ponto.

João se apaixonou. Maria, apesar de estar gostando muito de toda história construída, nunca teve intenções ou fizera planos de algo além daquilo. João entristeceu-se momentaneamente, mas foi obrigado a entender. Argumento algum mudaria a situação. Ele percebeu que o vazio anteriormente era sentido pela falta de um amor e objetivou o alcance deste. Ela focou ainda mais sua busca por emprego e depois de um certo tempo foi beneficiada. João e Maria, desde o primeiro momento, já haviam se tornado bons amigos

2 comentários:

  1. Sou apaixonado pela maneira leve e deliciosamente encantadora que você escreve! Sempre de parabéns!

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  2. Nossa Erick seus textos se tornam cada vez mais viciantes! Como no comentário acima VC ESTÁ SEMPRE DE PARABÉNS!

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