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Fonte: http://senta.la/1ve1k |
Antigamente sobrava tempo. Podíamos gastá-lo com muitas horas de sono, até mais do que era realmente preciso. Podíamos assistir toda a programação de um canal qualquer de TV, sem preocupações. Ou podíamos simplesmente sentar na porta de casa e ficar horas vendo o movimento dos carros e pessoas que passavam. Havia até tempo para reclamar de tédio, por ter tanto tempo.
Depois de tanto tempo sem sequer notar o tempo, é tão estranho perceber que ele não é tão grande assim e que dentro dele não cabe mais todas as ações desejadas. A sensação que fica é a de que o dia parece faltar horas e qualquer coisa que você faça de diferente daquela rotina, bagunça tudo e não dá pra fazer mais nada. Milésimos de segundo de sono se tornam coisas importante na sua vida, já que perdê-los é como te colocar próximo ao conceito de zumbi no outro dia.
Aí um dia aparece um adulto para fazer você acordar para a realidade. Ele enfia na sua cabeça que você já entrou para o grupinho dos adultos, pois você já é um adulto. Ou, se você é bem esperto, descobre isso sozinho. E você tem que aceitar sem reclamar, pois não passa de uma verdade e mais, vai ter que aprender a administrar o seu próprio tempo, deixando de lado muitas coisas que nada acrescentam no seu dia, para que as coisas que realmente importa ganhem foco. Por um bom tempo você vai sofrer em ter que abandonar suas coisas inúteis e cheias de felicidade.
Chega um momento em que você percebe que o tempo deixou de ser grande e você vive sonhando e aguardando ansiosamente por dias em que ele aumente, como nos feriados, folgas e nas férias. Apenas para tentar fazer coisas que normalmente não dá tempo nos dias de rotina. Mas aí, nesses dias de muito tempo, quase sempre, você faz uma parceria com o nada. Fazer nada é tão bom! E assim a vida vai seguindo, com seu desejo incessante por mais e mais tempo, para você fazer suas coisas legais ou fazer nada novamente.
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