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terça-feira, 5 de julho de 2016

A morte da bezerra

CC0 Public Domain - https://pixabay.com/pt/vaca-prado-vacas-grama-vila-canil-1495509/
Você chegou ao fundo do poço. Lembrando que o fundo de cada um pode ter profundidades diferentes. Pensar em fundo de poço é o mesmo que pensar em um lugar escuro, molhado, mofado, sem saída... E você está lá, sentado, abraçado às próprias pernas com a cabeça apoiada nos joelhos, lamentando, incansavelmente, pela morte da bezerra que morreu e te causou um estrago enorme. Coitadinha da bezerra.

Você está lá naquele ‘breu’ e não consegue parar de pensar na bezerrinha e do quanto ela te faz e fará falta. Você chora, sente raiva, pragueja qualquer coisa, culpa-se. Mas a bezerra não morreu por sua causa. Ela pode ter tido um pouco de desgosto por conta de alguma atitude sua, mas a morte em si foi de coisas naturais. Bezerras morrem.

É necessário lembrar-se, vez ou outra, da morte. Ela sempre vai existir, mesmo que você não goste. E essa tal morte pode ser a morte em vários outros sentidos. Morte de coisas, morte de ciclos, morte na própria aparência ou jeito de ser... Então, é importante lembrar-se dela para não ser pego desprevenido. Ainda assim, também é bom ter em mente que, mesmo prevenido, alguma coisa dentro de você ainda pode doer ao ter ciência de alguma morte. É triste, eu sei. A morte faz parte da vida. Engraçado isso. Chega a ser irônico.

Se te conforta, é bom saber que a dor sai de evidência depois de algum tempo. Mas o tempo é relativo para cada pessoa. Você pode chorar eternamente pela bezerra, mas a intensidade do choro vai diminuindo com o passar dos anos. Você se acostuma, encontra outras preocupações, começa a enxergar por outras perspectivas, muda a forma de ver o mundo e milhões de outras coisas. E a bezerra estará sempre bem acomodada no meio das suas lembranças.

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