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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Coisas entaladas




Não faço ideia de quantas vezes deixei que frases ficassem entaladas na garganta por achar que seria loucura dizê-las. Nesse momento, por exemplo, é exatamente o que me ocorre. Estou com uma vontade enorme de distribuir toda minha admiração, todo o meu apreço, todo o meu carinho. Tudo de mais sincero que vêm à mente, assim, inesperadamente. Que vontade de falar!

Mas sei que logo viria em minha direção alguma desconfiança, ou o incisivo questionamento acerca de um suposto interesse escondido entre as minhas palavras. Diriam muitas coisas, eu sei. Os seres humanos não estão preparados para serem admirados sem um motivo aparente. E quantos seres humanos admiráveis existem por aí! Meu Deus, o Senhor variou bastante nas características, hein. E como é bom vê-los sendo o que são! Alguém consegue entender o meu êxtase?

Talvez eu realmente seja louco pelo simples fato de querer elogiar quando menos se espera, de querer abraçar quando sinto vontade, de querer dizer para certas pessoas que eu as acho lindas e incríveis. Talvez eu tenha mesmo perdido a noção quando vem a vontade de querer estar perto de quem instiga o meu interesse. Pessoas que nem sequer conheço, mas que forçaria um papo tranquilamente só para ter certeza de que são tudo ou mais do parecem ser. 

É... Por tudo que a sociedade dita, reconheço que seria loucura dizer àquela mulher bem vestida e cheia de elegância, que vai pelo mesmo caminho que eu todos os dias, quão linda a acho. Seria mesmo estranho parar aquele senhor, no qual vi pela primeira vez, apenas para dizer que acho charmoso seu cabelo grisalho, penteado para trás. E insano seria ter vontade de interromper a leitura daquele rapaz, sentado na beira da fonte, apenas para fazer algumas perguntas sobre o livro que está lendo. É tudo loucura, eu sei. É tudo o que não fazem.


Ando, quase sempre, com vontades assim. Há dias em que elas são ainda mais absurdas, se comparadas com o que geralmente taxam de absurdos. Por isso, as palavras continuam sempre entaladas na garganta. O que me resta é ser um louco consciente, limitado a meu ver. E algumas vezes, vou me soltando com quem me dá liberdade. Porque, graças a Deus, existe outros loucos como eu! Ainda que em pequenas quantidades.

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