Pages

domingo, 31 de julho de 2011

Dramas da solteirice

Estava eu pensando com meus botões a respeito da reclamação repetitiva que a maioria dos solteiros faz sobre ninguém os querer. Aquele lamento mais carente e dramático que alguém sempre solta em algum momento. Verdade ou drama?

“Ninguém me ama.” “Ninguém me quer.” “Ninguém quer saber de namorar.” “Ninguém se interessa por mim”. “Ninguém...” Engano seu e possivelmente do seu bom e bonito subconsciente, que te faz ver apenas o que te agrada. E exatamente isso que vive acontecendo: os solteiros veem, quase sempre, apenas aquilo que os agrada ou o que os interessa. Nunca sobra a mínima significância para o resto. Coitado do resto!

A verdade é que sempre existirá alguém ‘a fim’ da gente. Sempre existirá alguém querendo nem que seja apenas sexo ou apenas uns beijinhos e companhia (colorida) para o fim de tarde. Ou, nos casos mais simples, apenas o compartilhar de um colo e carinho gratuito. É só olhar atentamente ao redor. Sempre existirá interesse vindo de alguém, mas nós temos o ótimo costume de ignorar o que não nos interessa no primeiro momento. Isn’t it ironic? Don’t you think?

Claro que são muitos os fatores para a não reciprocidade. Os piores exemplos, que geralmente não se vê comentários sobre, são a falta de compatibilidade, vergonha da pessoa por ela não se encaixar exatamente nos padrões de beleza (ok, serem feias!), serem chatas, não se enturmarem com seus amigos, exagerarem em alguma atitude ou simplesmente por implicarmos com algum defeito óbvio. Porque é extremamente fácil jogar qualquer culpa possível em cima de um defeito alheio sem nem sequer ter cedido uma oportunidade para uma possível conquista futura. Comentários alheios sempre vão existir mesmo que a sua (seu) companheira (o) seja a pessoa mais bonita da face da terra. Encontrar defeitos e julgar livremente são coisas que todo mundo aprende muito bem a fazer sem que ninguém ensine. Levá-los em consideração é uma opção individual.

Não estou dizendo para irmos em frente e “fazer caridade”, “calçar a sandália da humildade”. Só quero enfatizar essa nossa mania de reclamar de estarmos sozinhos quando sempre existe uma possibilidade real bem ao nosso lado. E algumas delas são mesmo boas possibilidades nas quais apenas não demos oportunidades.

Será que não estamos exigindo demais?

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Conselhos

Dar conselho é uma coisa tão fácil de fazer. Contudo, puxando para um lado da história que geralmente não observamos, será que chegamos a seguir os próprios conselhos que damos às pessoas? Acredito que não.

É muito fácil mesmo alguém arriscar um conselho para uma situação qualquer, principalmente quando há presença de empatia na hora da conversa. Por exemplo, uma pessoa desabafa que está mal por conta de um término de namoro. Você ouve, entende e fala para a pessoa que ela tem que ocupar a cabeça e se divertir para esquecer. Ok! A pessoa te ouve e tenta seguir seu conselho. Então a situação se inverte. Agora é você quem terminou seu namoro e está mal. Vai se lembrar de tentar seguir seu próprio conselho que deu anteriormente? Dificilmente isso acontece. No geral vai encontrar uma dificuldade maior para aquilo que aconteceu com você, mesmo que basicamente tenha sido a mesma coisa da outra pessoa. E pode, por exemplo, tentar achar a solução melhor para o seu problema. Somos todos assim.

Estamos sempre prontos a aconselhar quem precisa, porém raramente vamos seguir tudo aquilo que dissemos ainda que boa parte dos nossos conselhos seja de experiência adquirida. Já vi acontecer por diversas vezes e não é difícil confessar o meu conhecimento de causa. “Faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço.”

Talvez aconselhar seja mais fácil por estarmos de fora da situação. A empatia ajuda a ver melhor como seria estar no lugar da pessoa, todavia você não sente de fato o que ela está sentindo. Assim é mais fácil elaborar teorias para tentar ajudar. Quando se trata de nós mesmos, tudo fica mais complicado. As nossas ideias não valem muita coisa e vamos logo correr atrás de uma opinião alheia. E mesmo que conselhos alheios não valham nada acaba sendo sempre bom ouvir uma opinião diferente. Fica mais fácil de analisar e decidir alguma coisa.

domingo, 24 de julho de 2011

Ingratidão


Foto por mim. Central Park - Voucouver, BC, Canadá. 2009.

A minha ingratidão veio do berço. Não que eu tenha aprendido com meus pais, muito menos na escola. A minha ingratidão veio, talvez, marcada no meu DNA ou soprada no meu ouvido por algum vento sobrenatural e permanecendo lá no interior do meu interior. Gosto de interpretar dessa maneira, pois não me lembro de ter aprendido a ser ingrato. E não aprendi!

Ninguém me ensinou a não gostar do que tenho e a sempre querer coisas que não tenho. Ninguém me fez não gostar do meu nariz, das minhas pernas, do meu corpo. E meu corpo é apenas comum. Olha aí!
Ninguém me ensinou a rejeitar o que é comum, só por ser comum. Ninguém me fez querer o cabelo igual ao do vizinho, muito menos querer ser o vizinho. Meu cabelo é bom e o nariz do vizinho é maior que o meu. Estranho, né?

Ninguém me ensinou a sempre reclamar de alguma coisa na minha família. É fácil ver que toda família acaba tendo praticamente os mesmos problemas, mais ou menos intensos.

Ninguém me ensinou que eu não devo valorizar as coisas que chegam facilmente. Ninguém veio me dizer que tudo que eu ganhar não terá valor. E como eu já ganhei coisa cara.

Ninguém me falou que fulano é fácil porque teve atitude suficiente para vir flertar comigo. Ninguém me falou que os amores difíceis são os que realmente valem a pena. Ninguém disse que eu teria que me apaixonar apenas por quem não me desse a mínima atenção. Tenho que confessar que as coisas simples e de fácil alcance já me concederam bastante prazer.

Ninguém me mostrou como é ser idiota. Ninguém me mostrou, realmente, como ser ingrato.

Eu nasci e cresci bem desse jeitinho. E um dia me senti extremamente confortado ao perceber que não sou um ingrato sozinho no mundo. O mundo é feito de ingratos e há ingratidão para todo lado. Oh, se há! Contudo ninguém vê. Ou melhor, todos fingem não ver. Porque, contraditoriamente, fomos todos ensinados que ingratidão é ruim e feio. Então, que ela não exista! Ainda que existindo implicitamente.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Sentimentos

Sentimentos vêm e vão, todos os dias e a qualquer hora. A maioria mergulhada no âmago da palavra involuntário. Por mais que se tente evitá-los, eles sempre aparecem. Para cutucar o estômago, instigar bom ou mau humor, dar raiva, trazer ansiedade, amargurar, entristecer, fazer suspirar, fazer sonhar, desejar. Coisas demais...

Poderosos os sentimentos! Movidos por uma força invisível, controlados pelo subconsciente ou por qualquer outra coisa inexplicável do cérebro humano, ainda que simbolizados pelo coração. São cultivados, outros esquecidos facilmente ou mesmo forçosamente. Incomodam, ou não. Confortam, ou não. Há os que nascem, crescem e ficam perdidos no limbo. Há os que nascem fora dos contextos e após certo tempo não se sabe o que fazer com eles.

São tantos e com variações demais para qualquer coisa. Sofríveis ou amáveis. Surgem e se perdem frequentemente, em uma velocidade sem mensuração.

Sentir, assim no infinitivo mesmo, é um verbo presente. Ou melhor, onipresente. Fugir nunca adiantará. Maquiá-lo, só quem o faz sabe a sensação. Nunca inventaram aulas de como lidar com eles. A vivência, por consequência, acaba sendo professora. E depois de doses repetidas de sentimentos iguais, já houve um aprendizado ao menos para xingá-los ou, nos bons exemplos, para abraçá-los com toda força.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Pelos pensamentos

ELE:
Ela tem os cabelos mais lindos.
O cheiro mais intenso.
Os olhos mais chamativos.
A boca mais convidativa.
Eu a olho e a quero desde o primeiro momento.

ELA:
Ele tem um papo tão legal.
Sabe ser gentil.
Tem uma ótima educação.
Consegue ser uma boa companhia para qualquer coisa.
Mas não sei porque ele me olha assim.

ELE:
Ela está me observando.
Será que está pensando as mesmas coisas que eu?
Ela é tão linda!
Que vontade de abraça-la, beijá-la.

ELA:
Ele não para de me olhar desse jeito diferente.
Que olhar mais parecido com o de cachorro com fome.
Estou começando a ficar com medo.
Gosto dele, mas acho que ser gentil em retribuição o confundiu.

ELE:
Ela deu um sorrisinho de canto de boca.
E passar a mão nos cabelos é um bom sinal, né?
Vou “chegar” nela.

ELA:
Estou sendo tão fria com ele e apenas simpática.
Será que ele está achando que estou “dando mole”?
Hora de ir embora.

ELE: - Já vai? Espera!

ELA: - Sim, já vou. Combinemos algo outra hora, amigo!

ELE:
Analisar os sinais e expressões corporais das pessoas não é fácil. Então, tá! Melhor eu ir pra casa também.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Contraditório, comum

Eu gosto do branco, mas o preto cai melhor.

Está super frio, mas a camiseta cavada é mais bonita.

O azedo me agrada imensamente, mas para o mundo gosto de chocolate.

Tenho simpatia pelo meu cabelo enrolado, mas liso é estiloso.

Eu sou tímido, mas vivo querendo aparecer.

Meu pé é 42, mas me aperto nos 40.

Eu prefiro beijo, mas estou sempre abraçando.

Seu beijo é ruim e continuo te beijando com paixão.

Não gosto de jiló e estou comendo guariroba.

Odeio funk , mas estou dançando até o chão.

Não curto baladas, mas estou em todas.

Sou medroso, mas adoro filme de terror.

Eu sou carente, mas sou frio.

Quero você, mas estou com quem não me quer.

Aceito, mas não queria.

Vou, mas estava desejando minha cama.

Amo e digo que odeio.

Odeio e digo que amo.

Muito fácil ser contraditório. Basta ser humano.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

De olhos fechados



Era só fechar os olhos para qualquer preocupação sumir.

Aí, só abrir os braços para o vento causar um vôo raso.

Só forçar levemente o paladar para sentir um gosto doce.

Apenas iniciar um sorriso para sentir um toque terno.

E apenas olhar para cima para ganhar um abraço.

Tudo assim, livremente e facilmente.

 

Era tudo tão perfeito ainda que não houvesse perfeição em nada.

As cores combinavam com a melodia de uma música aleatória.

O sol aquecia e derretia as friezas, quaisquer fossem elas.

O cheiro instigava a nostalgia e liberava emoções escondidas.

E era possível correr sem que o cansaço chegasse.

 

Repentinamente acordei e não sabia mais como voltar a sonhar.