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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O pote de sorvete



Eram dias daqueles mais quentes do verão, com a temperatura acima dos trinta graus. Os corpos todos suavam em bicas e caminhar ao sol era tido como tortura. Momento oportuno para ficar com pouca roupa, para tomar no mínimo dois banhos e beber muito líquido. Momentos nos quais até quem não bebia muita água mudava de atitude.

Abençoados aqueles que tinham ar condicionado em casa e sofriam menos com o calor. Para o resto, sobravam apenas as coisas geladas, para comer, beber ou passar no corpo. Ou ainda, dependendo da loucura, eram válidas algumas ideias criativas para tentar melhorar a situação, como tomar banho de mangueira, de bacia ou quase entrar na geladeira. Nessas horas, improvisar tornava-se o verbo da vez.


E foi com as benditas coisas geladas que Juliana decidiu se refrescar. Veio nela, de repente, uma vontade louca de tomar sorvete. Lembrara-se de ter visto um pote no freezer de casa. Seus pais tinham o hábito de sempre comprar nas idas mensais ao supermercado e o que, por hora, cairia muito bem.

Assim, ela foi à cozinha, pegou uma taça, uma colher e correu à geladeira com toda gana. Agarrou o pote gelado como se fosse algo cheio de valor e levou-o para mesa junto da taça.  Ao abrir o pote, uma pequena surpresa: estava cheio de feijão. “Que porcaria! É feijão e só feijão!” Sua mãe tinha que guardar o feijão justamente no pote de sorvete, para sua infelicidade.

Para Juliana, então, restara apenas chupar um gelo, a fim de tentar se refrescar e enganar o paladar.

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