Eram dias daqueles mais quentes do verão, com a temperatura acima
dos trinta graus. Os corpos todos suavam em bicas e caminhar ao sol era tido como tortura.
Momento oportuno para ficar com pouca roupa, para tomar no mínimo dois banhos e
beber muito líquido. Momentos nos quais até quem não bebia muita água mudava de
atitude.
Abençoados aqueles que tinham ar condicionado em casa e sofriam menos
com o calor. Para o resto, sobravam apenas as coisas geladas, para comer, beber
ou passar no corpo. Ou ainda, dependendo da loucura, eram válidas algumas ideias
criativas para tentar melhorar a situação, como tomar banho de mangueira, de
bacia ou quase entrar na geladeira. Nessas horas, improvisar tornava-se o verbo
da vez.
E foi com as benditas coisas geladas que Juliana decidiu se
refrescar. Veio nela, de repente, uma vontade louca de tomar sorvete. Lembrara-se
de ter visto um pote no freezer de casa. Seus pais tinham o hábito de sempre
comprar nas idas mensais ao supermercado e o que, por hora, cairia muito
bem.
Assim, ela foi à cozinha, pegou uma taça, uma colher e correu
à geladeira com toda gana. Agarrou o pote gelado como se fosse algo cheio de valor e
levou-o para mesa junto da taça. Ao
abrir o pote, uma pequena surpresa: estava cheio de feijão. “Que porcaria! É
feijão e só feijão!” Sua mãe tinha que guardar o feijão justamente no pote de sorvete,
para sua infelicidade.
Para Juliana, então, restara apenas chupar um gelo, a fim de tentar se
refrescar e enganar o paladar.
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