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segunda-feira, 23 de junho de 2014

Sorridente



Foto: Felipe Souza

As pessoas achavam estranho vê-lo assim, caminhando e sorrindo do nada e para o nada. Felicidade, pra muita gente, tinha que ter um motivo ou uma explicação plausível, dentro de algum contexto com sentido. Porém ele havia descoberto há algum tempo que dava pra sentir o mínimo que fosse de um bom sentimento por dia. Era possível e deveria ser obrigatório já que fazia tão bem. Situações chatas e momentos desagradáveis sempre existiriam e ele tinha isso em mente, o que era muito bom. E sua maior descoberta foi que se ele encontrasse alguma coisa qualquer pelo o que sorrir, as coisas ganhariam outra perspectiva. Era um comportamento incomum, se comparado ao resto do mundo. Os seres humanos ao seu redor não entendiam. Quer dizer, alguns conseguiam entender, outros ignoravam e outros torciam o nariz e criticavam. "Como pode ser tão sorridente?! Não deveria ser assim. Sorrir assim é coisa do passado! O mundo é outro." Mas ele era teimoso e insistia na sua descoberta. Bom para ele. Sorrir sempre tornava as coisas chatas suportáveis e, quase sempre, conseguia desmanchar carrancas. Anos passaram meio a sorrisos sem motivo, até que ele descobriu o abraço gratuito e inesperado. Desde então, tudo passara a ser sorrisos e abraços.